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PetroRio amplia investimentos e estuda comprar ativos da Petrobrás

O influente jornal eletrônico Petronotícias publicou reportagem exclusiva com a PetroRio, empresa que tem como acionista relevante o empresário Nelson Tanure. Na matéria, os executivos da petroleira apresentam detalhes dos investimentos e garantem que a queda do preço do barril do petróleo abre oportunidades para a compra de ativos e o corte de custos, o que aumenta a eficiência operacional do negócios.

Por Paulo Roberto Cunha

Eis a íntegra da reportagem de Luigi Mazza:

nelson tanureEm um mercado com cada vez mais ativos à venda, algumas empresas brasileiras nadam contra a corrente e aproveitam o momento de crise para investir em projetos de produção a curto prazo. É com essa visão que trabalha hoje a PetroRio, companhia que vem concentrando esforços na ampliação de sua produtividade e busca adquirir novos campos para se consolidar em uma futura retomada do setor de óleo e gás. A petroleira, responsável por uma produção média de 9 mil barris por dia no campo de Polvo, na Bacia de Campos, busca atingir a marca de 100 mil barris diários até o final de 2016 e avalia a compra de áreas que estejam iniciando sua vida útil. De acordo com o diretor de Projetos da PetroRio,Nelson Queiroz Tanure, a empresa estuda adquirir ativos da Petrobrás para ampliar sua carteira de projetos, que, além de Polvo, conta apenas com os campos de Bijupirá e Salema, ainda com sua aquisição pendente na Agência Nacional do Petróleo (ANP). A expectativa da companhia é de que a liberação aconteça já no primeiro trimestre deste ano, o que deverá elevar sua produtividade para o patamar dos 30 mil barris por dia.

blener mayhew roberto monteiro

Apesar das perdas econômicas com o baixo preço do barril de petróleo, a empresa projeta metas otimistas para 2016. Segundo o diretor financeiro, de Novos Negócios e Relações com Investidores, Blener Mayhew (à esq.), a expectativa é de que a companhia termine o ano com um faturamento entre R$ 800 milhões e R$ 1,5 bilhão. Além da geração de caixa com novas entradas em produção, a PetroRio dá continuidade ao corte de gastos e renegociação de contratos no campo de Polvo, que desde 2014 apresentou uma queda de US$ 75 milhões em seu custo total. A petroleira vem adaptando suas operações a um modelo mais enxuto e eficiente, de acordo com o diretor de Operações,Roberto Monteiro (à dir.). Embora menores, os cortes aplicados ao longo deste ano deverão reduzir em até 30% o custo total da empresa.

Qual é hoje a estratégia da PetroRio para crescer no mercado?

Desde 2014, a PetroRio é uma companhia totalmente focada em produção. Antes tínhamos nosso foco em exploração, mas vendemos esses projetos e hoje temos um ativo principal, que é o campo de Polvo, na Bacia de Campos. É uma área que produz hoje 9 mil barris por dia. Além disso, estamos aguardando a aprovação da compra dos campos de Bijupirá e Salema, que produzem em torno de 20 mil barris diários. Esse é o nosso foco.

Em que estágio está a produção no campo de Polvo?

Atualmente, estamos fazendo uma campanha de redesenvolvimento, e nossa expectativa é de que o campo pule para até 11 mil barris por dia quando concluída.

Quando isso deve acontecer?

Em curto prazo. A campanha está prevista para acabar entre os próximos 30 a 50 dias.

Já existe planejamento para uma nova etapa?

A depender dos resultados e dos dados coletados, vamos avaliar novas reentradas em torno de cada um dos prospectos. Existem novos alvos, mas precisamos confirmar algumas informações do reservatório que estamos fazendo hoje para poder avaliar as futuras. Todas essas entradas geram retorno, por mais que tenha diminuído.

Quais são os planos da empresa para a compra de novos ativos?

Teremos foco total em produção. Nós esperamos que a compra de Bijupirá e Salema seja aprovada em breve, já no primeiro trimestre deste ano, e com isso subiremos para uma escala bem relevante. Mas continuamos olhando para adquirir ativos. Passamos a ser uma companhia com dois ativos muito relevantes, ambos em produção, e estamos prontos para ir às compras. Temos custo e endividamento baixos, e temos caixa. Além disso, temos parcerias sólidas com fundos e bancos prontos para investir, tanto para serem sócios quanto para financiarem novas aquisições. Então, olhando à frente de 2016, um dos poucos fatores positivos com a queda do óleo é o número de ativos à venda, e é justamente esse movimento que pretendemos capturar.

A PetroRio avalia adquirir projetos da Petrobrás?

A Petrobrás é uma das grandes vendedoras nesse mercado, e temos total interesse em participar desse processo. Nós compramos Bijupirá, que era 20% da Petrobrás e 80% da Shell, e já ali tivemos uma aquisição de sucesso. Fomos chamados para alguns outros ativos que estavam vendendo, e devemos ser chamados para os que ainda vêm. Com certeza, comprar ativos da Petrobrás é algo que nos interessa.

Como está sendo esse processo?

Estamos conseguindo olhar muitos ativos ao mesmo tempo e tomar a decisão de seguir em frente ou não. Uma característica peculiar da PetroRio, que as maiores empresas não têm, é que podemos ser uma companhia ágil devido ao nosso tamanho. Entre avaliar um ou mais ativos, conseguimos passar pelo processo decisório, conversar com bancos sobre financiamento, tudo muito rápido. Isso tem sido uma vantagem.

Algum ativo está em fase avançada de negociação?

Ainda não. Nós queremos áreas que acabaram de entrar em produção. Quanto mais no início da vida útil, melhor. Nós priorizamos o Brasil, mas estamos olhando para a América Latina. Já participamos de alguns projetos no Mar do Norte, outros na África, e avaliamos hoje o cenário global.

A empresa tem foco em alguma bacia no Brasil?

Temos interesse na Bacia de Campos, pela localidade e por ser a mais prolífica do Brasil, mas na Bacia de Santos também. As bacias comprovadas são as melhores para nós, não tentamos fazer nada em fronteira.

A PetroRio continua com a meta de atingir 100 mil barris diários até o final do ano?

Continua. O quanto antes pudermos, na verdade, mas deverá ser dentro deste ano.

A companhia vem reduzindo custos no campo de Polvo?

Nós já reduzimos muitos custos em Polvo. Em 2013, quando era da BP, ele custava cerca de US$ 220 milhões; em 2014, ficou em US$ 180 milhões. Esperamos fechar 2015 com o custo em torno de US$ 105 milhões, e para 2016 devemos ter uma redução maior ainda. Essa é a forma como a companhia tem reagido à queda no preço do óleo. Estamos sentindo um impacto direto em cada venda nossa, mas a indústria inteira sente. Os contratantes estão apertando e renegociando, e já conseguimos reduzir bastante o custo da empresa.

A empresa está renegociando seus contratos?

Todos. Sem citar números, vamos reduzir de forma bem significativa. Agora que o óleo chegou a US$ 30, esperamos que os fornecedores sejam cooperativos, como temos visto, e reduzam preços ainda mais.

Essa renegociação tem sido feita com algum foco principal?

Nós renegociamos barcos de apoio diversas vezes, aeronaves, suprimentos e prestadores de serviços. Renegociamos os nossos 20 grandes contratos, que representam em torno de 90% dos custos. Além disso, mudamos o escopo de algumas áreas. Trocamos nossa base logística, nosso fornecedor de helicópteros e nossa operação na plataforma fixa. Nada se manteve da forma que era. Nós tentamos operar com o mínimo possível, preservando eficiência e segurança.

Qual a previsão de redução no custo total da empresa para 2016?

Entre 2014 e 2015, a companhia teve uma redução drástica. Agora, em 2016, isso não vai ser tão forte. Esse corte foi feito com fechamento de projetos na Namíbia, no Solimões, de escritórios no Canadá, em Houston, demissão de pessoas e outros fatores. Não teremos mais toda essa redução, porque a empresa está enxuta e temos a equipe que precisamos para crescer. Nós adotamos a maior parte das medidas com antecedência, renegociamos tudo. Então para este ano podemos esperar uma redução menor, de 20% a 30%, mas não teremos corte de pessoal.

Quantas demissões foram feitas até o momento?

Chegamos a ter 600 pessoas na empresa, em 2013. Em 2014, já houve um corte natural da antiga administração para 200 pessoas. Desde então, temos 80 funcionários.

Como avalia o atual cenário da indústria brasileira de petróleo?

Há muitos vendedores e a Petrobrás está pressionada a vender ativos de produção. Além disso, com a aquisição da BG, a Shell deve botar ativos à venda, assim como outros produtores relevantes no país. Esse é o cenário do mercado global, mas é possível ser viável com o óleo baixo e tomar proveito de oportunidades por meio de aquisições inteligentes.

A PetroRio trabalha hoje com que previsão de retomada do preço do barril?

Nós torcemos para o melhor e nos preparamos para o pior. Para efeitos do nosso orçamento, vamos usar uma cotação baixa, em torno de US$ 30. Mas a retomada da indústria, por sua vez, pode começar a acontecer no final deste ano ou início de 2017.

 

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